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ARTRITE REUMATOIDE: entendendo, diagnosticando e gerenciando uma condição autoimune.

Atualizado: 31 de out. de 2023

A Artrite Reumatoide (AR) é uma doença autoimune crônica, três vezes mais comum em mulheres do que em homens. Embora possa começar em qualquer idade, a probabilidade aumenta com a idade, principalmente na faixa dos sessenta anos. A prevalência estimada é de 0,5% a 1,5% da população e de 0,46% no Brasil.

É uma condição complexa que pode ter um significativo impacto social e na qualidade de vida dos indivíduos afetados. Neste artigo, exploraremos o que é artrite reumatóide, como é diagnosticada e quais são as opções de tratamento disponíveis.

O que é Artrite Reumatoide?

A artrite reumatóide é uma doença autoimune sistêmica na qual o sistema imunológico do corpo ataca erroneamente as articulações saudáveis. Em uma resposta imunológica normal, o sistema imunológico age para proteger o corpo contra invasores, como vírus e bactérias. No entanto, na artrite reumatoide, ele ataca a membrana sinovial, a camada de tecido que reveste as articulações. Isso leva a uma inflamação crônica que, se não for tratada adequadamente, pode causar danos permanentes às articulações.

A AR apresenta causa multifatorial, como: predisposição genética (a presença dos genes não implica necessariamente no surgimento da doença, assim como ela pode surgir na ausência deles), exposição a fatores ambientais e possivelmente infecções.

Um dos fatores ambientais que já está bem estabelecido é o tabagismo. Além de ser um fator de risco para o desenvolvimento da doença, fornece pior prognóstico radiológico e uma menor resposta aos tratamentos.

Além do tabagismo, sedentarismo, obesidade, exposições ambientais como amianto ou sílica podem aumentar o risco do surgimento da AR.

Sintomas da Artrite Reumatoide

1. A AR pode afetar uma ou poucas articulações, com inchaço, calor e dor, geralmente acompanhada de rigidez para movimentá-las, principalmente pela manhã e que pode durar horas até melhorar. É comum a presença de artrite nos dois lados do corpo, principalmente nas mãos, nos punhos e pés, que vai evoluindo para articulações maiores e mais centrais como cotovelos, ombros, tornozelos, joelhos e quadris. As mãos são acometidas em praticamente todos os pacientes. Se não tratado, evolui para desvios e deformidades decorrentes do afrouxamento ou da ruptura dos tendões e das erosões articulares;

2. Fadiga (cansaço);

3. Perda de peso;

4. Febre;

5. Fraqueza.

Diagnóstico

O diagnóstico de AR baseia-se na história clínica e no exame físico feito pelo médico.

Exames complementares podem ser solicitados, como:


1. Sangue: provas que medem a atividade inflamatória, fator reumatoide, anticorpo anti-peptídeo citrulinado cíclico (anti-CCP), este uma alternativa de marcador imunológico específico para o diagnóstico da AR, especialmente útil para a abordagem das formas iniciais em que a doença não está plenamente desenvolvida;


2. Imagem: radiografias das articulações acometidas e, eventualmente, ultrassonografia ou ressonância das articulações acometidas. O estudo ultrassonográfico para AR avalia a presença de sinovite nas articulações das mãos, punhos e/ou pés, conforme sintomalologia indicada pelo paciente, além da presença de atividade da doença (Power Doppler). Avalia também o comprometimento ósseo cortical superficial das estruturas avaliadas (erosões ósseas), assim como alterações tendíneas e tenossinoviais.

Outros exames podem ser necessários para afastar outras doenças, dependendo de cada caso.


Tratamento

Uma vez diagnosticada a doença, deve-se fazer o acompanhamento continuado com o reumatologista e atentar-se aos seguintes fatores:


Medicamentos: o uso irá variar de acordo com o estágio da doença, sua atividade e gravidade, devendo ser mais agressivo quanto mais agressiva for a doença. Os anti-inflamatórios e corticoides estão indicados nas fases agudas, além dos medicamentos que modificam o curso da doença, a maior parte imunossupressores;


Fisioterapia: a fisioterapia e a terapia ocupacional contribuem para que o paciente possa continuar a exercer as atividades da vida diária. A proteção articular deve garantir o fortalecimento da musculatura periarticular e adequado programa de flexibilidade, evitando o excesso de movimento.;


Estilo de vida saudável: alimentação equilibrada, exercícios regulares e evitar o tabagismo podem ajudar a melhorar os sintomas;


Tratamentos biológicos: apesar de serem muito eficazes, têm um início de ação mais lenta, podendo demorar algumas semanas a meses para ter sua melhor atuação na atividade da doença.


Conclusão

A AR é uma condição desafiadora. Através de diagnóstico precoce e tratamento adequado é possível que as pessoas com essa condição levem uma vida ativa e satisfatória. É fundamental procurar orientação médica, idealmente com o reumatologista. O tratamento deve ser personalizado com base em decisões compartilhadas, necessidades e preferências individuais, sempre levando em consideração a qualidade de vida. Além disso, o apoio de amigos, familiares e grupos de apoio pode ser inestimável para lidar com os desafios emocionais que essa condição pode trazer.


Por Dr. André Luiz Hayata

Reumatologista - CRM 84790 | RQE 38031 e 38031-1


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